Entrevista com José Esfola, CEO da Xerox Portugal na revista Marketeer, nº261 de Rafael Paiva Reis
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A redução do papel é uma realidade e um fenómeno promovido em prol da sustentabilidade. Para fazer frente a tendência que tem prejudicado o negócio de impressão da Xerox, a empresa tem vindo a desenvolver soluções que promovam a automatização de processos e a redução do papel nas empresas, mas com a promoção de produtos e serviços da marca
Num mundo cada vez mais digital há, para além de menos papel, uma maior consciência no que respeita a poupança do mesmo, com avisos para o excesso de impressões em emails e até nos terminais multibanco. Neste sentido, e com base na transformação digital, o negócio da impressão da Xerox tem vindo a decrescer, mas é um cenário que não preocupa José Esfola, diretor-geral da empresa em Portugal. «Se o papel é para acabar, que seja com a Xerox», afirma.
Nas grandes contas, o negócio básico de impressão é uma área de retração, pelo que a Xerox tem vindo a acrescentar serviços, como a automatização e digitalização de processos, que permitem fazer crescer o negócio. «Tentamos que a nossa oferta não se baseie muito no hardware. Aliás, dois terços da nossa faturação são serviços. A nossa oferta principal passa por vender contratos de serviços de impressão e digitalização de processos. Em suma, na gestão do papel, seja ele físico ou digital», afirma José Esfola.
Para acompanhar as tendências, a Xerox desenvolveu vários sistemas para a desmaterialização no trabalho, salientando-se multifuncionais com o ecossistema ConnectKey, que automatiza diversos processos de trabalho e possibilita que os clientes desenvolvam as suas próprias aplicações.
Em Portugal, em 2017, José Esfola afirma que a Xerox aumentou significativamente a sua rentabilidade, um crescimento «a dois dígitos altos», referindo que a área que engloba a gestão de contratos de impressão e automatização é a que mais tem crescido. E que, para 2018, o foco estará na capitalização do investimento realizado no ano anterior, que foi o de maior número de produtos lançados em toda a sua história.
A transformação digital é das grandes tendências no sector empresarial e implica, entre outros, a redução do papel. De que forma a Xerox faz. frente a esta tendência?
As empresas estão cada vez mais preocupadas com a eficiência e automação de processos, mas isso tem contribuído para o crescimento do negócio. Essa tendência de transformação digital e digitalização dos processos de trabalho representa uma oportunidade, porque temos uma vasta oferta para ajudar os clientes que querem fazer essa transição. A transformação que temos levado a cabo pretende que esse fenómeno nos afete de forma positiva. Costumo dizer que se o papel tem de acabar, que acabe com a Xerox.
Como pode a Xerox contribuir para essa desmaterialização?
Vamos supor um grande banco português. Para abrir uma conta, é necessário preencher vários impressos e assinar cada um. Desenvolvemos uma app para os nossos multifuncionais, que tem interfaces personalizáveis para cada um dos utilizadores. Foi criada uma aplicação apelidada “Abrir conta” e, a partir desta, o equipamento vai solicitando a documentação necessária. Então o funcionário digitaliza ou faz o reconhecimento dos documentos. No final do processo, o equipamento imprime um contrato já com todos os dados inseridos. Ao fechar o processo, todos os documentos ficam guardados. Esta é apenas uma das soluções da empresa que conta, entre outras, com ferramentas capazes de quebrar barreiras linguísticas.
De que forma é realizado esse processo?
Ternos multifuncionais com capacidade de tradução. Ao digitalizar um documento, é possível imprimir o mesmo documento em 46 línguas, mantendo a formatação. E permite também receber o documento traduzido em formato Word, no computador, para posterior edição. E existe ainda a possibilidade de ter o serviço Expert, em que o utilizador tem a sua disposição a ajuda de um tradutor para clarificar termos mais técnicos.
E como contribui este serviço para a redução do papel?
Se estiver numa feira para profissionais, por exemplo, e um cliente que não fale português solicitar um catálogo da empresa, posso digitalizar o documento e imprimi-lo na língua que desejar. E isto permite que economize papel, pois não é necessário imprimir documentos desnecessariamente.
Relativamente ao mercado português, qual a adoção das empresas por estas novas tecnologias?
O mercado português é muito apetecível para a impressão digital em gráfica porque são tiragens mais curtas, com menos tempo para reagir ao volume de impressão. No que respeita a componente na produção gráfica, só 7% do que se produz é feito com equipamentos de produção digital. Significa que há um espaço enorme para crescer em Portugal.
Há alguma área com maior potencial?
A impressão de embalagens é uma das mais interessantes, especialmente a de medicamentos, tendo a possibilidade de utilizar funcionalidades para restringir a falsificação de embalagens.
E como evolui este mercado face aos outros países europeus?
A nossa área de negócio diferencia -se entre a parte de escritório e a produção gráfica. Na primeira, Portugal está ao nível do que se pratica na Europa, no contexto da produção digital. Na vertente de produção gráfica, devido a dimensão das empresas, há algum atraso no que respeita a adoção das soluções.
Qual a evolução do negócio da Xerox no mercado português?
Nos últimos anos, a Xerox tem registado um crescimento grande ao nível de negócio, não só através de grandes cantas como também via rede de parceiros, focados no negócio das PME. Portugal, nesse contexto, tem sido um player interessante, o país do mundo onde a Xerox tem maior quota de mercado no sector de multifuncionais. Ternos perto de 40% da quota de mercado no segmento A3 cor e, no segmento de produção gráfica, esse valor ultrapassa os 50%.
Quais os principais clientes da Xerox?
Ternos uma herança tecnológica enorme, com grandes clientes da banca, serviços e telecomunicações. Não temos todos os clientes em todas as áreas de negócios, mas diria que não há nenhuma grande empresa que não usufrua de um dos nossos serviços.
Apesar do foco da Xerox estar no sector profissional, como tem evoluído o negócio junto do consumidor final?
O mercado B2C tem um peso muito baixo, representando entre 2 e 3% do volume de negócios da Xerox em Portugal. Apesar de não focarmos a estratégia nesta área, é interessante ressalvar que, em 2017, duplicámos o peso desta área. Vamos tendo produtos e soluções que nos permitem ser mais proactivos e competitivos.
E qual o seu balanço de 2017?
Foi o ano de maior lançamento de produtos da nossa história. Na área de office, apresentámos 29 modelos, tendo ainda lançado produtos na área de impressão em jacto de tinta para impressão gráfica. E o último trimestre de 2017 foi extraordinário em termos de negócio.
Quais as perspetivas para o corrente?
Este ano estamos focados em capitalizar o investimento realizado o ano passado e que nos dá uma vantagem competitiva extraordinária. Os meses de Janeiro, Fevereiro e Março foram muito bons, havendo perspetivas bastante animadoras para 2018. Esperamos ter um ano fantástico.