Artigo publicado na revista Human Resources Portugal, abril de 2018
Através de um conjunto abrangente de iniciativas e de acções mensuráveis, a Xerox promove a diversidade, nutrindo uma cultura de inclusão e igualdade de oportunidade. E é gerida como qualquer outro objectivo de negócio.
Na Xerox, há muitos anos que têm pensadas e implementadas medidas para a Igualdade de Género e para o equilibro entre o trabalho e a vida pessoal, nas suas diversas vertentes. Maria Alexandra Pires, directora de Recursos Humanos Ibéria da empresa de equipamento de escritório, defende que «é importante que nos sintamos bem-vindos onde trabalhamos, que sejamos respeitados por quem somos e valorizados pelas nossas perspectivas únicas. Esta crença na diversidade começou na Xerox há mais de meio século, com o então nosso CEO, Joe Wilson», partilha. «O seu legado no âmbito da responsabilidade social, diversidade e inclusão está no nosso ADN.»
Hoje, com aproximadamente 140 mil pessoas em todo o mundo, o equilíbrio e a diversidade da força de trabalho é vista pela Xerox como mais importante do que nunca. «Não se trata de fazer apenas o que está certo, mas sim entender que é um factor crítico para o nosso sucesso como empresa; um imperativo comercial», afirma a responsável.
«Acreditamos que as empresas que procurem relevância no mercado global devem abraçar a diversidade nas suas diversas vertentes: pensamento, experiências, acções e inovações. Diversidade é mais do que apenas números; trata-se de como pessoas e as suas opiniões são valorizadas.»
Maria Alexandra Pires garante que a Xerox tem ganho vantagem competitiva pela diversidade da sua força de trabalho, as diferentes experiências, percepções e criatividade. «É gerida como qualquer outro objectivo de negócio. Todos os managers assumem o compromisso corporativo de, por exemplo, contratar, desenvolver competências, reconhecer, avaliar e promover as suas pessoas independentemente da raça, género ou outra particularidade. E temos tido, ao longo dos anos, a preocupação de desenvolver, adaptar e actualizar as políticas de Recursos Humanos no âmbito da igualdade de oportunidades e de equilíbrio entre vida profissional e pessoal.»
A Xerox aderiu ao Fórum de Empresas para a Igualdade de Género (iGen) com a convicção de que seria uma «excelente oportunidade de partilha de informações e de melhores práticas, bem como de influência inter-empresas e o próprio Estado. Ter um papel activo na sociedade e mostrar que a diversidade, nas várias vertentes, é sem dúvida um dos factores de sucesso no mercado», reitera a directora de Recursos Humanos.
No respeita aos indicadores medidos pelo iGen, foi na adaptação das políticas de equilíbrio trabalho-vida que a Xerox registou com maior evolução e maior necessidade de constante análise e adaptação. Já «o rácio homens/ mulheres é algo que podemos melhorar», reconhece. A Xerox tem 59% de homens e 41% de mulheres. Em cargos de chefia, 24% são mulheres. «Por isso, no âmbito do recrutamento e promoção, temos um olhar muito atento.» Para além do contínuo focus nas áreas de atracção de talento e promoção de carreira, têm ainda dado especial enfoque à área da Comunicação, promovendo o “awareness” interno para esta temática. «Utilizamos já a linguagem inclusiva e apostamos cada vez mais nesta diferenciação.»
IGUALDADE É QUALIDADE
Maria Alexandra Pires salienta que a Xerox foi pioneira em Portugal ao estabelecer um critério de promoção da diversidade junto dos parceiros de negócio, na área do Recrutamento: por cada três candidatos apresentados em short list, um tinha que ser mulher. Esta prática fez a empresa ganhar o prémio “Igualdade é Qualidade” em 2007.
A responsável destaca ainda o processo de “management succession planning”, onde identificaram os talentos, nomeadamente os que são mulheres – “Diversity Charter” –, de forma a ter programas de desenvolvimento de carreira com factor de diversidade de género. «No entanto, o factor meritocracia impera nas decisões de gestão de carreira», assegura.
Mais… «Todos os programas e políticas de Recursos são estruturados sem qualquer factor discriminatório e todas as vagas da empresa são publicitadas internamente num site corporativo acessivel a todos os colaboradores – “Global Careers@Xerox”. Estas vagas são publicitadas e têm à partida “job grades” e “salary grades” associados, e assim garantimos não existir qualquer factor discriminatório. Por outro lado, os nossos managers são avaliados, também, pelos rácios de diversidade das suas equipas. O pack de beneficios é gerido em torno da flexibilidade e adaptação do mesmo ao ciclo de vida dos colaboradores e muitas medidas têm em conta o equilíbrio trabalho-vida», acrescenta.
A aposta tem sido na promoção de acções que permitam ser medidas e com isso ter resultados quantificáveis. «Notamos essencialmente uma evolução do “mindset” das nossas pessoas – chefias e não só –, e um maior conhecimento das vertentes da diversidade. Diversidade não é só homens e mulheres, é muito mais do que isso; é diversidade de pensamento, de criatividade, de forma de estar e ver a vida e, consequentemente, o negócio», reitera. «É um contexto diversificado para o qual as empresas têm de se preparar.»
Esta é um tema transversal na Xerox, não havendo um departamento em específico que seja responsável pelo tema. «E a gestão de topo está sempre envolvida e comprometida em qualquer dos projectos que queiramos implementar para promover esta matéria na empresa. Assim, como direcção da empresa, damos o exemplo», assegura a responsável.
UM NÃO TEMA
O Fórum Económico Mundial revelou que as mulheres ganham em média pouco mais de metade do que os homens, apesar de trabalharem mais horas. Mas Maria Alexandra Pires garante que na Xerox isso não é um tema e que existe igualdade de salário para trabalho igual, em todos os níveis. «Na Xerox, a meritocracia anda de “mãos dadas” com a progressão de carreira e a evolução salarial. A imposição legal pode ser um caminho para que muitas empresas se sintam obrigadas a olhar este tema, no entanto, tem o reverso da medalha, principalmente para as empresas que estão mais avançadas. Se se decidir por este caminho, então terá de haver alguma flexibilidade para com as empresas que tenham já estratégias e politicas adequadas neste enquadramento.»
Em relação à forma como se posiciona Portugal em termos de Igualdade de Género, a directora de Recursos Humanos considera que «ainda temos muito que evoluir. Já podemos notar algumas mudanças mas, concretamente, temos que evoluir como País e como mentalidade colectiva. Fóruns como o iGen e a intervenção da CITE são peças fundamentais para a mudança de mentalidade e forma de gestão e uma forma de influenciar outras empresas e o próprio mercado», acredita.
Não obstante, reconhece que «temos cada vez mais empresas a participar nestes temas e a mostrar interesse genuíno pela implementação de uma estratégia da diversidade. Apenas me pergunto se os reais motivos são verdadeiramente estratégicos e como mais-valia para o negócio ou apenas um “nice to have” dado o focus que tem sido feito nesta matéria nos últimos anos», pondera.
Maria Alexandra Pires reconhece que a entrada das novas gerações no negócio acarreta outros desafios que não necessariamente a Igualdade mas sim preparar a empresa e as políticas e programas para outras formas de gerir a diversidade. Será isso um dos principais desafios actualmente. Quanto a objectivos, pretendem «continuar a olhar esta matéria no processo de gestão e continuar a ter este tema como factor de diferenciação no mercado».
Prioridades. Igualdade na Xerox
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Adequar a estratégia de negócio de modo equilibrado com a força de trabalho e a representatividade entre homens e mulheres. O “management success plan” tem identificadas as mulheres com potencial para crescer para lugares de gestão/ direcção.
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Abordar as disparidades de diversidade, identificando lacunas e as formas de as resolver.
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Ter programas de equilíbrio trabalho-vida que apoiem os colaboradores nos vários aspectos e desafios da sua vida pessoal, sem prejuizo da profissional.
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Educar os colaboradores para os princípios da diversidade e inclusão, garantindo que todos os têm sempre presentes.
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Desenvolver continuamente estratégias que alavancam a diversidade para ganhar uma vantagem competitiva global e impulsionar a excelência do mercado.Promover o princípio da diversidade junto dos parceiros de negócio.