A sustentabilidade deve estar no ADN das empresas

No âmbito do primeiro relatório do Observatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), desenvolvido pelo Center for Responsible Business & Leadership da Católica Lisbon, apenas 18,3% das grandes empresas e 6,8% das PME avaliadas afirmaram que os ODS são linhas orientadoras para a sua atividade.

Para uma empresa ser verdadeiramente reconhecida como tendo boas práticas de sustentabilidade não é suficiente ter apenas um departamento cuja função esteja centrada nos temas da proteção do ambiente, da sustentabilidade financeira ou que promova ações de responsabilidade social corporativa.

A sustentabilidade, ou melhor, o desenvolvimento sustentável é um caminho diário e urgente e que necessita de ser endereçado em todos os níveis da empresa e estar na estratégia global de atuação de todas as áreas da organização. Ao afirmarmos que a sustentabilidade deve ser intrínseca ao ADN das empresas, queremos dizer que toda as áreas (suporte, operacionais e executivas), devem contribuir com ações concretas para o respeito do meio ambiente e para a redução da pegada de carbono, ao mesmo tempo que contribuem para projetos que melhorem a qualidade de vida das comunidades onde se inserem e promovem boas práticas de gestão, quer a nível de ética nos negócios, quer ao nível da sustentabilidade financeira da própria empresa, dos seus clientes, parceiros e fornecedores.

Como um exemplo, a Xerox, ao assumir o compromisso de antecipar em 10 anos a meta definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a neutralidade carbónica (2050), está a redefinir o seu modelo de negócio com base numa estratégia e ações muito concretas que permitem ter um impacto zero, em termos de emissões de carbono no planeta, já em 2040. Esta estratégia deu à empresa, pelo segundo ano consecutivo, o reconhecimento com o prémio de parceiro ENERGY STAR 2022, já depois de, em 2021, durante a conferência COP26, ter recebido o selo “Terra Carta” do Príncipe de Gales como reconhecimento do compromisso da empresa em criar de um futuro sustentável.

O objetivo da neutralidade carbónica não é uma meta em si, mas a agregação de um conjunto de objetivos, sejam de melhoria da eficiência energética, passando pela redução da utilização de plástico e papel e otimização dos processos, fazendo a promoção da economia circular e ainda passando pela capacidade de fabricação com o nível mínimo de produção de pegada de carbono.

A união de todos estes pontos passa pelas pessoas; pela sua consciencialização, o seu esforço e motivação para serem contribuintes ativos neste caminho. E se afirmamos que a sustentabilidade deve estar no ADN da empresa definimos o compromisso de também colaborar para a sensibilização de todos os stakeholders sobre este tema.

É, por isso, importante ter em atenção que todos têm um papel a desempenhar, devendo estar claramente refletido na estratégia, missão e valores da organização, que a sua forma de estar nos negócios está voltada para o desenvolvimento sustentável. Assim, seja na gestão dos recursos humanos, nas relações comerciais com fornecedores e clientes, ou nas relações com os investidores, o que marca claramente as empresas que estão no caminho para um mundo mais sustentável são as ações concretas realizadas ou promovidas com cada interlocutor.

Os clientes mostram-se cada vez mais preocupados em relação às políticas que os seus fornecedores têm no que diz respeito, por exemplo, à preservação do meio ambiente. É, por isso, tarefa das empresas, por um lado, implementar políticas internas que promovam esses valores e ao mesmo tempo ter a capacidade para fornecer soluções inovadoras que agreguem valor aos programas de sustentabilidade dos seus clientes.